POEMA: O DILEMA DO VELHO PRAÇA


 

        Edson Pracinha sempre foi um guarda

        Deslindado e persuasivo;

        E sua magnânima história de vida

        Daria pra encher um livro.

 

        Como trabalhou em Pracinha na região de Prudente

        Uma pacata cidadezinha;

        Recebeu dos colegas e dos amigos

        O apelido de Edson Pracinha.

 

        Nos finais das tardes após seu plantão

        Como praxe de um bom sujeito;

        Se punha sentado na frente casa

        Tomando cachaça com o prefeito.

 

        O calor estridente do interior

        Os transladava do sol à lua;

        E ficavam os dois olhando as meninas

        Andar de shortinhos na rua.

 

        Guarda antigão experimentado

        Conhece o Estado de norte a sul;

        Iniciou na Penitenciária de Marília

        E se aposentou no CR de Pacaembu.

 

        Formado em Direito é um advogado

        Que não chegou exercer a profissão;

        E desde moço a adulto o que fez

        Foi a vida toda trancar ladrão.

 

        Porém de uns dias pra cá o Pracinha

        Tem passado adversidades;

        Porque todo dia de pagamento

        Ele vive uma crise de identidade.

 

        Quando abre a folha pra ver seu salário

        Fica nervoso e descontente;

        Porque na vida ele é policia

        Mas no holerite ele é agente.

 

        Com o estresse que passa ele teme

        Ter uma crise de labirintite;

        Por não querer ser uma coisa na vida

        E outra coisa no holerite.

 

        Indignado o sindicato da classe

        Enviou de pronto uma rogativa;

        Pedindo que os aposentados

        Sejam na folha o que são na vida.

 

        A Secretaria e a SPPrev

        Indiferentes não falaram nada;

        E nem a quem é atribuído

        Acabar com essa palhaçada.

 

        Outros policiais como o Edson Pracinha

        Também estão preocupados;

        E estão temendo que isso seja

        Alguma artimanha por parte do Estado.

 

        Pra tirar o direito ao porte de arma,

        Alguns benefícios e a paridade;

        E criar uma sensação nos aposentados

        De estar perdendo a dignidade.

 

         A mulher do Pracinha vendo isso tudo

        Está preocupada também;

        Caso ele vier a morrer

        Ela vai ser viúva de quem?

 

        Disse que é apaixonada pelo Pracinha

        Porque ele é muito bonito;

        E o que importa pra ela é quanto vem no holerite

        E não o que vem escrito.

 

 

 

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