POEMA: O GENERAL PINOCHET DO INTERIOR


 

        A cidade de Galia, no centro Oeste Paulista

        Há exatos dois anos de seu centenário;

        Tem quarenta e um por cento de sua população

        Formada por presidiários.

 

        Com duas unidades prisionais

        Há alguns quilômetros do centro afastadas;

        As duas penitenciárias de Galia

        Já nasceram superlotadas.

 

        Desde novembro de dois mil e vinte e dois

        Que data a inauguração dessas unidades;

        As cadeias levaram progresso

        Mas muitos problemas para a cidade.

 

        À época a população e o governo do Estado

        Travaram uma árdua e longa batalha;

        O povo achava que não ia ser bom

        Conviver com duas cadeias em Galia.

 

        Como a população carcerária era grande

        E o cargo imputava respeito;

        Os diretores das duas cadeias

        Tinham o mesmo poder que o prefeito.

 

        O Diretor da P2 ainda era novato

        E sem conhecimento de política algum;

        Mas não tinha as mesmas artimanhas

        Que tinha o diretor da P1.

 

        Acontece que o Diretor da P1

        Passando o carro na frente nos bois;

        Com o tempo foi se tornando

        Mais poderoso que Diretor da P2.

 

        Nomeou amigos pra ocupar cargos chaves

        E não deixou os parentes a pé;

        E como todo bom nepotista

        Arrumou uma boquinha pra sua mulher.


        Perseguiu inimigos, deu bonde em guardas

        E agiu como agiu qualquer ditador;

        E foi chamado entre os seus diretores

        De o General Pinochet do interior.

 

        Foi então que implementadas mudanças profundas

        Com a nova Polícia Penal;

        O Diretor da P1 achava que iria ser

        Diretor do complexo prisional.

 

        Segundo um guarda que ali trabalha

        E que pediu pra não aparecer;

        Ele tinha até um plano pra governar as cadeias

        Com o mesmo estilo do General Pinochet.

 

        Comandar o complexo com mão de ferro

        E calar a boca de opositores quaisquer;

        Se cercar de puxa-sacos

        E ajeitar uma gaiadinha pra sua mulher.


        Foi daí que um fato inusitado

        Acabou com seu feijãozinho com arroz;

        E num golpe de Estado ele foi derrubado

        Pelo diretor geral da P2.

 

        O Diretor da P2 que sempre foi técnico

        E se abdicou de politiqueiro;

        Fingiu que era difunto

        Pra comer o fiofó do coveiro.

 

        Os guardas que trabalham na P2

        E que sabem que ele fazia horrores;

        Disseram que viram a sua mulher

        Chorando aos prantos pelos corredores.

 

        Alguns puxa-saco que o rodeavam

        Ficaram desesperados;

        Se sentindo ficar sem chão

        Como se o mundo tivesse acabado.

 

        Moribundo ele reuniu sua diretoria

        E falou que estava muito tranquilo;

        Estava renunciando

        E que ia passar uns dias no exílio.

 

        Disse que assim como o general Pinochet

        Não vai ficar foragido;

        E que pode até morrer no Chile

        Mas não vai ser preso no Reino Unido.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Um comentário:

  1. kkkkkkkk....O engraçado é que o Pinochet fugiu para a Inglaterra achando que lá ele poderia ficar livre dos crimes que cometeu no Chile que não tinha justiça para condená-lo. Aqui se faz e aqui se paga.

    ResponderExcluir

POEMA: O TRISAL III E A BASILEIA DE TREMEMBÉ

  Quando os gregos conceberam a arquitetura Transformando-a em artes universais; Eles remeteram o conceito de nobreza Às residências e aos p...