POEMA: A PENITENCIÁRIA 1 DE SÃO VICENTE E O BONDE DO JOTÃO


 


 

O complexo penitenciário de São Vicente

Na região central da Baixada Santista;

É um dos maiores aglomerados de cadeias

Da administração penitenciária paulista.

 

As unidades que formam o complexo

Já nasceram peremptórias;

Duas penitenciárias, um centro de progressão

E um centro de detenção provisória.

 

Às margens da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega

Numa reserva de matas esplendorosa;

O complexo abriga quatro mil e oitocentos detentos

Fortemente ligados a facções criminosas.

 

Mas correu aí pela baixada santista

E foi notícia na região;

Que o coordenador e uma comitiva de bigode grosso

Baixaram no complexo de supetão.

 

Ao chegarem foram direto para a P1

E passaram em revista na portaria;

Foram pro corpo da guarda onde havia uma denúncia

De abandono total de zeladoria.

 

Ao fiscalizar a muralha o coordenador

Fez um semblante funesto de desabono;

Após deparar com o corpo da guarda

Totalmente entregue ao abandono.

 

Teias de aranha emaranhadas pelas torres

Portas quebradas e sem fechaduras;

Lixo espalhado, resto de papeis

E paredes cheias de rachaduras.

 

Na casa da guarda havia pedaços de madeiras,

Em meio aos aparelhos e equipamentos;

Muito entulho e resto de materiais

Onde ficam os coletes e os armamentos.

 

Os pontos de apoio nas extensões da muralha

Algumas com infiltrações nas coberturas;

E as passagens de acesso às torres

Cheias de trincas nas estruturas.

 

Decepcionado o coordenador falou

Que o trabalho é uma parte da nossa casa;

E que a Penitenciária 1 de São Vicente

Tá parecendo os escombros da Faixa de Gaza.

 

O Diretor adjunto da penitenciária

Também com o semblante desolador;

Não sabia onde por sua cara

Com a visita repentina do coordenador.

 

De pronto promoveu uma grande faxina

Jogando tudo que tinha ali;

E os presos saíram carregando as tranqueiras

E os colchões velhos dos guardas dormir.

 

Insatisfeito com o estado do corpo da guarda

Encontrou uma solução;

Destituiu do cargo o Diretor de centro

Conhecido como Jotão;

 

Diretor de Centro do corpo da guarda

Com alguma experiência como diretor;

Jotão levou um bonde pela suposta vergonha

Que fez passar o coordenador.

 

Testemunhas contam que a partir desse fato

O Diretor que assumiu o lugar do Jotão;

Continuou dando bonde nos chefes de turno

Como parte da solução.

 

Foi então vendo de quem ia livrar a cara

Relutou pra dar um destino

A um chefe de turno que tem o apelido

De Beiço de Toba de Babuíno.

 

Os colegas contam que esse chefe de turno

Que coordenava uma equipe de dia;

Implorou de joelhos ao Diretor de centro

Pra não sair da chefia.

 

Alegou que ninguém gostava dele

E que vivia debaixo de açoite;

Até que o Diretor de Centro do corpo da guarda

O mandou para o turno da noite.

 

Ao saberem os guardas uriçaram

E decidiram em reunião;

Que, se o Beiço de Toba de Babuíno ficasse

Eles não iam assumir o plantão.

 

Daí então surgiu um impasse

Que gerou uma tremenda de uma confusão;

Os guardas não queriam o Beiço de Toba

E o Diretor de centro não queria o Jotão.

 

Mandaram o Jotão pro RH

Pra cabeça dele espairecer;

E o Beiço de Toba que ninguém queria

Ganhou um bonde pro CDP.

 

Os guardas abraçaram os bondes

Que por esse motivo tornou-se frequente;

Uma cortina de fumaça dos problemas que afligem

A Penitenciária 1 de São Vicente.

 

Falta de funcionários, escassez de materiais

Uma cadeia totalmente abandonada;

Em meio ao montante de dinheiro que tem

Com os impostos que o governo arrecada.

 

A premissa é que a P1 de São Vicente

Enrolada em suas próprias teias de aranha;

Depôs os chefes do corpo da guarda

E os transformou em boi de piranha.

 

A Secretaria da Administração Penitenciária

É a mão que tece esse embaraço;

E pune os guardas por não cuidar de cadeias

Que estão caindo aos pedaços.

 

O Estado nunca vai assumir

Os seus erros e seus desatinos;

Enquanto nas cadeias tivermos os “Jotões”

E os “Beiços de Toba de Babuíno”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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