POEMA: O TRISAL DE TREMEMBÉ


 

O sistema prisional na cidade de Tremembé

Tem um espectro assombroso que o rodeia;

E sempre ganhou destaque na mídia

Por causa de suas cadeias.

 

Ali ficaram presas algumas celebridades

Que pegaram de trinta anos a mais;

Como a mulher que esquartejou o marido

E a menina que mandou matar os seus pais.

 

O pai que matou a filha no apartamento

E jogou o corpo lá embaixo no chão;

E o jogador da Seleção Brasileira

Que estuprou uma moça em Milão

 

O sistema esteado em Tremembé

É muito simples de entender;

três penitenciárias, uma feminina e uma masculina

E uma cadeia exclusiva conhecida como IRT.

 

O novo modelo de administração penitenciária

Pra tornar as cadeias mais racionais;

Formou um casamento promitente

Entre as três unidades prisionais.

 

A medida que sacramentou a união das cadeias

E formou esse contíguo trisal;

Foi comemorado com entusiasmo

Pelos diretores do complexo penal.

 

Cheios de otimismo eles prometeram

Promover na cadeia reformas estruturais;

fazer pinturas, criar um ambiente achonchegante

E dar condições de trabalho para guardas policiais

 

Foi então que passados alguns dias as guardas

Começaram ficar possessas;

Porque a diretoria as deixou no vácuo

E não cumpriu suas promessas.

 

Não resolveu os problemas de apoio nas gaiolas

E nem a tranca segura da bandidagem;

Causando prejuízo irreversível

Para os setores da carceragem.

 

A diretoria da Penitenciária feminina

Está zaranzando entre o inferno e o céu;

E batendo cabeça com as guardas ali

Com o fim dessa lua-de-mel.

 

Mas tá correndo aí entre os funcionários

E é motivo de grande descontamento;

Que a P2 que é a feminina

Foi quem mais perdeu nesse casamento.

 

Não obstante o déficit funcional na unidade

A diretoria ainda fez o que era incomum;

Transferiu um grupo de guardas da P2

Pra resolver o déficit que tinha lá na P1.

 

A cadeia que já estava descabelada

Acabou por final de descabelar;

E as guardas que foram para a P1

Não se sabe quando que vão voltar.

 

As guardas da P2, questionam

O fato de, agora ter uma guarda só;

Pra tomar conta do RCD

Do seguro e do RO.


Também reclamam que as guardas da inclusão

Além de fazer a inclusão das presas;

Tiveram que assumir a responsabilidade

De pagar o Sedex e o kit beleza.

 

As guardas lotadas no administrativo

E os diaristas que trabalham ali;

É que descem pra render as guardas

Pra almoçar e fazer xixi.

 

Como a cadeia não é automatizada

E não se segue um procedimento padrão;

A guarda entra com as presas soltas no pátio

Pra contar, trancar e soltar o pavilhão.

 

Às sete da manhã ela abre as setenta e oito celas

E solta o banho de sol matinal;

Tranca de novo às onze e solta de novo às treze

E às dezesseis entra de novo para a tranca final.


Pra causar ainda mais agonia

Como pretexto de redobrar os cuidados;

Colocaram trancas em cima nas capas

E dobraram o número de cadeados.

 

As guardas que saem pra ir ao banheiro

Estão disfarçando e escondendo o rosto;

Porque os diretores podem canetar

E colocar como abandono de posto.

 

É fato notório que as guardas na P2 de Tremembé

Depois que foi criado o complexo penal;

Estão tendo crise de estafa,

Crise de ansiedade e transtorno mental.

 

Porque somados ao estresse pelo excesso de trabalho

Causados pelo déficit funcional;

Há o medo de sequentes perseguições

Intimidações e assédio moral.


Os coronéis que comandam a secretaria

Continuam em seus bunker’s embiocados;

E não querem ser responsáveis pelo colapso

Que está o sistema penitenciário do Estado.

 

Talvez por não terem querido esse trisal

Não impuseram impedimento;

Assim como não fizeram questão

De serem padrinhos desse casamento.

 

O governo do Estado não se manifesta

Senão acenar com privatização;

E não apressa lançar um concurso público

Pra resolver essa equação.

 

Enquanto isso as guardas de Tremembé

Só querem os direitos que têm;

De quando casaram esse trisal

Com separação parcial de bens.


Até que resolva essa questão do déficit

E haja um consenso comum;

Pelo menos traga de volta as guardas

Que foram emprestadas para a P1.

 

 

 

 

 

 

 

7 comentários:

  1. É incrível como que o poeta relatou a situação aqui no complexo de Tremembé. Nunca que o sistema prisional passou por uma situação como a que está passando. Tudo isso que ele relata é a mais nua e crua realidade. O sistma prisional está estregue à sorte está entregue ao acaso e esse governador Tarcísio não faz nada pra solucionar. Não há outra coisa a falar senão VERGONHA!

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    1. A situação no sistema está muito complicada mesmo irmão, por isso me aposentei. Eu estou com 54 anos de idade e poderia até ficar um pouco mais, mas é só cobrança e falta de respeito sem dar suporte e condições digna de trabalho. Por isso, mesmo recebendo um pouco menos, resolvi me aposentar pra não me complicar porquê eu batia de frente.

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  2. Ninguém se engane achando que alguma coisa vai mudar. é daqui para pior

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  3. As guardas jogadas à míngua
    Esse gordo é um desgraçado
    Está pagando a língua
    Quem reclamava do Fábio

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  4. Seria muito mais trágico se diante de tudo isso ninguém estivesse sendo avisado. O problema é que em Tremembé nada nunca foi apurado, nada nunca foi investigado porque sempre teve alguém que passou pano para as pessoas responsáveis. Nad nessa cadeia funciona, nada nessa cadeia serve pra alguma coisa. A cadeia está totalmente destruída. Mas alguém deve estar lucrando com isso...podem ter certeza disso.

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  5. O diretor André é um enviado do Satanás. O fim dele vai ser triste.

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