O SISTEMA PENITENCIÁRIO EM ARARAQUARA E A INUSITADA HISTÓRIA DA TORRE DE BABEL

 

Quando as águas do Dilúvio baixaram

E que as chuvas não caiam mais;

Noé abriu a porta da Arca

E mandou soltar os animais.

 

Daí foram vistas as primeiras plantinhas

Pelos vales e pelas serras;

E os homens saíram e se multiplicaram

E se espalharam pela face da Terra.

 

Como os homens falavam a mesma língua

E naquela época ainda não tinha rapel;

Eles resolveram então construir uma torre

Pra subirem até o céu.

 

Irado, Deus confundiu as línguas dos homens

Tornando todas emaranhadas;

E como cada um passou a falar uma língua

Ninguém conseguia entender era nada.

 

Desta mesma maneira acontece com a Ceprnorte

Coordenadoria com sede em Araraquara;

Onde cada um fala uma língua

E ninguém entende o que o outro fala.

 

Reza a lenda que nas cadeias da região norte

Tem um monte de diretor;

Fazendo e falando um monte de coisas

Que nem chega ao ouvido coordenador.

 

Como o coordenador é um homem ocupado

E anda sempre com a cabeça cheia;

Em muitas vezes nem ele mesmo sabe

O que andam falando pelas cadeias.

 

Entretanto no bojo dessa conjectura

E sem o objetivo de alcançar o céu

Na penitenciária de Araraquara estão construindo

Uma torre parecida com a de Babel.

 

O vai e vem de gente para todo lado

Em meio uma imensa confusão;

Presos andando no meio dos policiais

Com pás e enxadas nas mãos.

 

Curiosas algumas pessoas perguntam

Quem é o autor dessa engenharia;

Se a torre tem alguma utilidade

E para que ela serviria.

 

Alguns acham que a torre será um templo

Para cultuar uma divindade;

Outros acham que é pros policiais da muralha

Vigiarem a cadeia e a cidade.

 

A entrada da tal torre será pela interna

E o acesso ao topo por uma escada;

Na parte do meio vai ficar a EAP

E na parte de cima o comando da guarda.

 

A base da torre é retangular

Com mais ou menos dez metros de altura

E serão colocadas telhas de zinco

No telhado da cobertura.

 

Entretanto no calor escaldante de Araraquara

No topo daquela Torre de Babel

O corpo da guarda vai estar mais perto

Do inferno do que do céu.

 

Certa pessoa que trabalha ali na coordenadoria

E que morre de medo do coordenador;

Falou que os policiais da guarda podem morrer

De sede ou de calor.

 

Esses guardas que rondam a cadeia

Com mil e trezentos metros de muro perimetral;

Estão preocupados é como sobreviver

Debaixo de um sol de quarenta graus.

 

Na Ceprnorte essa confusão de Babel

É um compilado de dissabores;

Diretores que não falam a língua dos guardas

Guardas que não entendem a língua de diretores.

 

Os guardas da muralha de Araraquara

Estão no limite, vivendo à míngua;

Porque nem o coordenador nem a diretoria de centro

Conseguem falar sua língua.

 

Julgando que tudo que fazem é o correto

Como é o caso da Torre de Babel;

Os “cabeça branca” de Araraquara

Têm absoluta certeza que vão pro céu.

 

Prudente seria era reverem essas peripécias

Pra não ter que explicar depois;

Melhor entrar no céu com um olho só

Do que entrar no inferno com os dois.