O JARDINEIRO DE PARELHEIROS



No histórico bairro de Parelheiros,

No longínquo extremo sul da cidade;

Ainda existem povos indígenas

Divididos em várias comunidades.


Entre essas comunidades há os Tekoa Porã

Os Guyrapaju e os Ikatu Miri;

Eles ainda andam pelados na mata

E falam a língua Tupi-guarani.


A existência de vegetação nativa

Naquele distante rincão da cidade;

É prova de que o bairro de Parelheiros

É um resquício da biodiversidade.


Uma Lei municipal de dois mil e vinte hum

Definiu os biomas ambientais;

E criou a APA Capivari-Monos

Pela preservação dos mananciais.


Espécies nativas como o Cedro-rosa

O Jequitibá, o Ypê e o Cambuci;

Se não conter o desmatamento

Muito em breve não terão mais ali.


Entretanto no bairro de Parelheiros

A existência de uma unidade prisional;

Desde a sua inauguração

Vem causando impacto ambiental.


A Mata Atlântica em Parelheiros

Desde o começo de sua história;

Tem sido a vítima deste progresso

E sua ação predatória.


Todavia a Secretaria da Administração Penitenciária

Engajada com a filosofia desta;

Colocou ali um diretor comprometido

Com a recomposição da floresta.


Além dele ser o diretor de uma cadeia

Com quase mil e setecentos ladrões;

Ele parece ser mais preocupado

Com seu jardim e suas plantações.


Dentre todos os cabeças

Da administração penitenciária paulista;

Ele é o único diretor de cadeia

Que tem perfil ambientalista.


Embora honroso cuidar da natureza

E por ela ter grande amor;

Não foi pra isso que ele foi chamado

Quando assumiu o cargo de diretor.


Enquanto os policiais da muralha não tem banheiro

E passam sufoco urinando nas gretas;

O Diretor da cadeia está lá embaixo

No jardim plantando violetas.


A violeta é um planta sensível

E tem funções apenas ornamentais;

Nada tira e nada acrescenta

No dia a dia dos policiais.


Enquanto os Policiais da escolta estão sofrendo

Com viaturas quebradas e velhas;

O Diretor da cadeia está lá embaixo

No jardim plantando bromélias.


A bromélia é uma planta versátil

Embora sem uso medicinal;

Mas é muito própria para pessoas

Que sofrem de estresse emocional.


Metódico, ele cobra serviço

Dos guardas e dos seus diretores;

Mas gasta seu tempo plantando mudinhas

E cuidando de suas flores.


Os Policiais Penais de Parelheiros

Estão passando uma revolta e tanta;

De verem o salário e o pró-labore que ele ganha

Só pra ficar cuidando de plantas.


Chateado o coordenador já falou

Que vai chegar em parelheiros de “finin”

Pra ver se ele tá administrando a cadeia

Ou cuidando do seu jardim.


Disse que se tiver prevaricação

Ele não pretende fazer uma troca;

Mas vai chamar o Diretor de “cantin”

Vai descer lá pro jardim

E vai plantar a mandioca.

 

Comentários

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk......isso não é nada. Pior é que um puxa-saco vagabundo vai lá levar água e recadinhos pra ele. Que cadeia comédia !

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  2. Cuidado com o cowboy Rp cagueta !

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  3. A poesia de Wiltinho não é um mero exercício literário; é um instrumento de denúncia e um ato de bravura. Cada verso é meticulosamente construído para dissecar a realidade, expondo com precisão cirúrgica as falhas do sistema, a hipocrisia de certas hierarquias e o descaso com aqueles que dedicam suas vidas à segurança pública.

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  4. kkkkkkk....Muito obrigado pelo carinho e apreço. Me sinto lisonjeado. Quanto ao poema "AS MALDADES DE ODETE ROITMAN E A ECONOMIA DE VIATURA" foi uma situação que aconteceu na Penitenciária Feminina de Ribeirão Preto, onde a Diretora de Disciplina anda perseguindo implacavelmente as Policiais Penais com assédio moral e ameaças explícitas de colocá-las no papel constantemente. As minhas fontes relataram a situação tal como eu descrevi em detalhes no poema; que ela havia dado ordem para que a Policial acompanhasse a detenta ao hospital no corró da viatura, o que causou indignação nas demais policiais. Entretanto a própria policial me procurou alegando o fato que aconteceu, porém, segundo ela, a Diretora de disciplina não a obrigou a fazer o procedimento e também não questionou e nem a comunicou quando, ainda segundo ela, se recusou a ir no corró da viatura, em seguida ela pediu gentilemente que eu retirasse o post. Eu aceitei fazer o poema porque conheço como são e como agem alguns diretores da SAP quando se trata de perseguição e assédio moral.

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