O ANTROPOMORFISMO DA SOLANGE: A CACHORRA QUE PODE SER DIRETORA EM PIRAJUÍ


 

Dos seus trinta e seis complexos prisionais,

Que agregam suas cento e oitenta unidades,

Cada cadeia dentro do Estado de São Paulo

Tem sua particularidade.


Dizer que as unidades prisionais de São Paulo

São repletas de singularidades

É aceitar que, distintas, têm muitas coisas

Que são comuns em qualquer unidade.


Toda cadeia tem gambiarra,

Quase toda cadeia tem rato,

Uma mulher que não gosta de brincadeira,

Um contador de mentira, um cara chato.


Mas, não obstante toda essa pluralidade

Que o sistema prisional de São Paulo ostenta,

Tem coisa que tem em uma cadeia

E que não tem nas outras cento e oitenta.


Na Penitenciária Feminina de Pirajuí

E das peculiaridades a que a ela tange,

Na entrada da casa da Diretora

Tem uma cachorrinha chamada Solange.


Reza a lenda que desde que as guardas de Guariba

Foram transferidas para Pirajuí;

A Diretora correu e arrumou a Solange

E pôs ela de guarda ali.


Ninguém sabe a raça dela

Nem se ela tem ou não tem pedigree;

O que se sabe é que cachorra igual a Solange

Só tem em Pirajuí.


Quando a Solange ameaça atacar as presas,

A cadeia fica assustadora;

E as guardas mandam tomar cuidado

Com a cachorra da Diretora.


Segundo se comenta ali na penitenciária,

Pela boca das policiais,

A Solange é uma vira-lata

Diferente das outras demais.


Ela é introspectiva e costuma rosnar

Quando alguém passa por perto,

E não é de dar muito assunto

Para essas presas do semiaberto.


Um certo guarda dali falou

Que ouviu da boca de uma das meninas

Que a Solange daria uma boa

Diretora de disciplina.


Porque a Solange impõe respeito

E não tem coisa errada que ela concorde;

E se a presa gritar com ela,

Ela avança pra cima e morde.


Uma policial que trabalha lá dentro

Falou, foi de boca cheia,

Que a Solange seria melhor

Se fosse Diretora Geral da cadeia.


Porque a Solange não fica com grupinhos,

Late para as guardas, mas não dá chilique;

Não escolhe amiguinhas e não passa a mão

Nem na cabeça da Vick.


A Solange não cuida da vida dos outros

Para se ater em cuidar da sua;

Ela não tem uma secretária

Imagina ter duas.


Com capacidade para assumir funções,

E funções que sua competência abrange,

O que se teme em Pirajuí

É que comecem a perseguir a Solange.


Preocupada com esses presságios,

A Solange sente uma pressão coatora;

De qualquer hora levar um bonde

Da porta da casa da Diretora.


Ou, quando não muito a ela imputarem

De ir pra cima de uma reeducando,

Ela for acusada inocentemente

E acabar se matando.


Digamos que, isso aconteça na pior das hipóteses

E a câmera não pegar;

A Diretora será a culpada

Se a Solange vier se matar.


Não tão lerda, a Solange não arrisca

Ir parar no papel de graça;

E assumir um cargo de diretoria

Não é pra um cachorro de qualquer raça.


Se ela optar por ficar em Pirajuí

Caso seu posto não seja mudado;

A Solange vai ser só mais uma

Sem marido e sem namorado.


Mas ela pode pegar a Vick

E ir para perto do seu grande amor:

De um vira-lata qualquer da rua

Ou do cachorro do coordenador.

Comentários

  1. Cadeia feminina é só BO. Mas, parece que Guariba sempre está envolvida em qualquer assunto ruim que venha surgir. Parabens para quem mudou o perfil, mas espalhou tudo de ruim por uns quatro cantos dali

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