POEMA: O TRISAL III E A BASILEIA DE TREMEMBÉ


 

Quando os gregos conceberam a arquitetura

Transformando-a em artes universais;

Eles remeteram o conceito de nobreza

Às residências e aos palácios imperiais.


Daí mais tarde os povos bizantinos

Se inspiraram nos gregos e suas ideias;

E construíram residências oficiais

Dando a elas o nome de basileia.


Muito embora fosse um esconso palaciano

A basileia era a sede da partilha;

Além de ser a moradia oficial

Do imperador e de sua família.


Mas tá correndo aí pelo Vale do Paraíba

E conversa fiada não é;

Que está sendo construída uma basileia

Na penitenciária feminina de Tremembé.


Tomadas de luxúria as cadeias de Tremembé

Desde que o complexo formou um trisal;

Corre uma reforma que já dura quase um ano

Na residência oficial.


As guardas que trabalham ali relatam

Que viram os presos em trabalhos servis;

Nos feriados e até nos finais de semana

Reformando a basileia pra imperatriz.


Falam que os presos trabalham sem descanso

E sem terem horas intercaladas;

Carregando latas e sacos nas costas

Quinem os mineiros de Serra Pelada.


Falam também que pela reforma ser grande

E a cadeia não ter funcionários;

É o próprio marido da imperatriz

Que toma conta dos presidiários.


As policiais penais da P2 feminina

Falam assim que não fazem ideia;

De onde sai tanto dinheiro

Pra fazer essa reforma na basileia.


Enquanto isso lá dentro da carceragem,

Na enfermaria e na inclusão;

A cadeia está de deteriorando

E quase caindo ao chão.


Não tem bebedouro pras guardas beberem água

Não tem computadores e nem rádios HT;

E a única reforma que se viu até agora

Foi uma pintura pra inglês ver.


Nos setores da cadeia há muita gambiarra

E fios expostos por todo lado

A tempo de ter um curto circuito

E alguém morrer eletrocutado.


Nos raios as presas cumprem suas penas

Em celas sucumbidas e apagadas;

Paredes repletas de rachaduras

E grades enferrujadas.


Os cadeados das trancas vivem emperrando

Num mistério difícil de descobrir;

Quando abre é difícil trancar

E quando tranca é difícil abrir.

 

No RCD a situação tão caótica

É tal como nunca se viu;

Porque o único telefone que funcionava

O rato roeu o fio.


As policiais de um certo turno

Se sentiram bastante infeliz;

Porque reclamaram por coisas óbvias

E sequer foram ouvidas pela imperatriz.


A imperatriz desdenha o perigo

E não leva as guardas a sério

E deixou de ser a pessoa que era

Depois que assumiu o Império.


As colegas falam que dor de barriga

É o mesmo que uma diarreia;

E o dia que ela perder o Império

Vai ter que ir embora da basileia.

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